terça-feira, 31 de maio de 2011

Eterna lembrança

"...Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.
Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina.
Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo..."

terça-feira, 8 de março de 2011

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A Lei 10.639/03 Altera a lei de diretrizes e Bases da Educação Brasileira e insere o estudo da história e cultura africana e afro-brasileira.

De autoria da deputada Esther Grossi – PT, a Lei 10.639/03 foi promulgada pelo presidente da República em 9 de fevereiro de 2003, que altera a LDB de 1996 e inclui no currículo oficial do ensino básico das redes pública e privada se torna obrigatorio o estudo da história e cultura africana e afro-brasileira.
O conteúdo programático das diversas disciplinas deve abordar o estudo de história da África e dos povos africanos, a luta das pessoas negras no
Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil.



Artigo Lei 10639

1. ARTIGO Tania Portella* Combate às desigualdades na educação escolar A educação (formal e informal) pode e deve ser um dos caminhos para promover o respeito à diversidade e a igualdade nas relações étnico-raciais. Algumas iniciativas voltadas para as po- pulações negra e indígena no campo da educação estão em curso no Brasil e podem ser consideradas resultados diretos e indiretos da luta do movimento negro e do movimento indígena pela igualdade racial e social. Ainda que esses avanços estejam registrados como conquistas históricas, um dos principais enfrentamentos para que se efetuem permanece inalterado: a resistência das instâncias governamentais em adotar políticas de Estado, e não de governo, para combater as desigualdades no campo étnico-racial. JAN / MAR 2007 3

2. A R T I G O Entre as conquistas dessas duas populações se perceber – e perceber o outro – em novos na educação formal são bons exemplos as lugares. Para tanto, é necessário saber exata- medidas de ações afirmativas na educação es- mente o que é a Lei 10.639/03 e trilhar o cami- colar indígena e a Lei 10.639/03, para a popu- nho que originou a sua promulgação. lação negra. Na região Norte do país, princi- palmente, as ações visam incentivar a formação Que lei é essa? de educadoras(es) indígenas e a construção de uma estrutura escolar mais próxima da rea- De autoria da deputada Esther Grossi (Partido lidade e da cultura local. Em âmbito federal, a dos Trabalhadores – PT /Rio Grande do Sul), a Lei 10.639/03 altera a Lei de Diretrizes e Bases Lei 10.639/03 foi promulgada pelo presiden- da Educação Brasileira (LDB) e insere a te da República em 9 de fevereiro de 2003. Ela obrigatoriedade do estudo de história e cul- altera a LDB de 1996 e inclui no currículo ofi- tura africana e afro-brasileira em todo o ensi- cial dos estabelecimentos de ensino básico das no nacional, público e privado. redes pública e privada a obrigatoriedade do Uma parcela significativa dos trabalhos estudo da temática história e cultura africana apresentados na área de educação no IV Con- e afro-brasileira. gresso Brasileiro de Pesquisadores Negros – De acordo com a lei, o conteúdo realizado em Salvador, de 13 a 16 de setem- programático das diversas disciplinas deve bro de 2006 – foi dedicada à abordagem de abordar o estudo de história da África e dos vários aspectos da aplicabilidade da Lei povos africanos, a luta das pessoas negras no 10.639/03. A reflexão, praticamente consen- Brasil, a cultura negra brasileira e o(a) negro(a) suada entre pesquisadores(as) do tema, foi na formação da sociedade nacional, resgatan- sobre a importância da mobilização da socie- do a contribuição do povo negro nas áreas dade brasileira para que a implementação do social, econômica e política pertinentes à his- ensino de história e cultura africana e afro- tória do Brasil. Os conteúdos referentes à his- brasileira não se transforme em letra morta. tória e cultura afro-brasileira devem ser minis- Outra constatação explicitada no con- trados no âmbito de todo o currículo escolar gresso foi a relevância de trabalhar para que o e, principalmente, nas áreas de educação ar- saber ancestral de mulheres negras e homens tística, literatura e história brasileira. negros seja reconhecido e possibilite que es- A promulgação da Lei 10.639/03 foi sas pessoas contribuam para a formação de precedida por leis municipais em Belém, jovens pesquisadoras(es) e professoras(es). Em Aracaju e São Paulo. Todas são resultado de países como a Nigéria, elas são remuneradas um longo processo de ativismo do movimen- para desenvolver esse trabalho. to negro. Essas primeiras iniciativas foram im- Levantar os processos históricos agre- pulsionadas pela constatação, por parte dos gados aos aspectos políticos, econômicos e movimentos negro e indígena, de que os sociais que resultaram na exclusão da popula- Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) abor- ção negra dos centros de poder decisórios e davam a temática racial-étnica na pluralidade na contínua presença desse grupo, majorita- cultural em forma de orientação genérica, sem riamente, nos índices de inacessibilidade a di- maiores conseqüências na produção das polí- reitos fundamentais, possibilita a constatação ticas educacionais nas diferentes esferas de da existência de um pacto invisível que perpe- governo. Segundo os segmentos negro e in- tua esses cenários. Pacto invisível e silencioso dígena, esse tipo de orientação abria margem que foi naturalizado, é socialmente estrutu- para a falta de compromisso no tratamento rante e está cristalizado em todos os setores do tema ou a abordagem equivocada que re- da sociedade. Desse modo, não é difícil cons- força estereótipos e folclorizações. tatar que essa prática estende-se também à A Lei 10.639/03 é regulamentada por área da educação. parecer homologado em 19 de maio de 2004, Conhecer as questões de fundo que que estabelece as diretrizes curriculares nacio- contextualizam esse debate é um exercício es- nais para a educação das relações étnico-raci- sencial para assimilar a importância da inser- ais e traz orientações de como a lei deve ser ção do tema na educação brasileira. Trata-se implementada. Ela também faz parte do rol de de uma proposta de revisão histórica também ações afirmativas na área da educação que de- dos olhares, dos saberes e das práticas, não vem ser implementadas pelo governo federal apenas nas relações pedagógicas, mas nas re- como signatário de compromissos internacio- lações cotidianas entre as pessoas que devem nais no combate ao racismo. A medida atende 4 DEMOCRACIA VIVA Nº 34

3.COMBATE ÀS DESIGUALDADES NA EDUCAÇÃO ESCOLAR uma demanda gerada pelo desconhecimento, profissionais de educação — possa dialogar por parte de grande parcela da população bra- com as escolas e todo o sistema de ensino, além sileira, das questões relativas às sociedades afri- de monitorar o cumprimento da lei. Essa é a canas e, mais especificamente, sobre as recomendação da própria relatora do docu- marcantes influências do povo africano na for- mento, Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, que mação da sociedade brasileira. integrava o Conselho Nacional de Educação. O parecer foi elaborado para contribuir De acordo com juristas que acompa- com a efetivação dessa medida de ação afirma- nham a questão, a partir de sua homologa- tiva e estabelecer as diretrizes curriculares nacio- ção e publicação no Diário Oficial, o parecer nais para a educação das relações étnico-raci- tem força de lei e, portanto, deve ser usado ais e para o ensino da história e cultura como norma regulamentadora. Ele corrige afro-brasileira e africana no país. Ao ser homo- conceitos e abordagens das políticas de re- logado pelo Ministério da Educação, constitui parações; reconhece e valoriza os indivíduos um instrumento para que todo(a) cidadão(ã) e as ações afirmativas; contextualiza a educa- — principalmente pais, mães, estudantes e ção nas relações étnico-raciais; apresenta as Atuação do movimento negro É sempre importante reforçar que a inclusão da Seis anos depois, durante a 3ª Conferência Mundial temática história e cultura africana e afro-brasileira contra o Racismo – ocorrida em Durban, África do Sul, no ensino público e privado é resultado de um pro- de 30 de agosto a 7 de setembro de 2001 –, o governo cesso de reivindicações e ações por parte do movi- brasileiro apresentou propostas e assumiu o compro- mento negro (MN). Existem registros sobre as discus- misso internacional de implementar medidas de ações sões do MN no campo da educação com a temática afirmativas para combater o racismo e as desigualda- étnico-racial no ambiente escolar já em 1948: “Nos des no Brasil. Essa postura foi tomada em decorrência dias de hoje, a pressão contra a educação do negro das pressões e reivindicações do MN e do MMN, que afrouxou consideravelmente, mas convenhamos que há décadas lutam por medidas de combate às desigual- ainda se acha muito longe do ideal.” (Quilombo – ano dades raciais, particularmente na área da educação. I, n. 0, dez. 1948). Em 1954, Guiomar Mattos indica- Em 2002, a professora Petronilha Beatriz Gonçal- va em seus textos os problemas gerados com o pre- ves e Silva foi indicada, pelo MN e pelo MMN, para conceito nos livros infantis. ocupar um lugar no Conselho Nacional de Educação Na década de 1960, a ampliação da rede de (CNE). No mesmo ano, ela propôs que o CNE se ma- ensino público possibilitou que a presença de pes- nifestasse sobre a questão da educação e das relações soas negras nas salas de aula se tornasse mais roti- étnico-raciais. Em seguida, formou-se uma comissão neira, mas não favoreceu a alteração das relações para elaborar parecer sobre o assunto. raciais e do ambiente no interior das escolas ofi- Após a aprovação da Lei 10.639/03, o CNE pediu ciais, que permaneceram discriminatórios. Vale res- à comissão que ampliasse o parecer, já em fase de saltar que nessa mesma década a sociedade brasilei- elaboração, a fim de estabelecer as diretrizes ra foi vítima do golpe que instaurou a ditadura curriculares para a implementação da lei. O parecer – militar e que reprimiu todos os movimentos e todas que contempla as diretrizes e teve a professora como as manifestações populares. relatora – foi aprovado em 10 de março e homologa- Os grupos negros de protesto também foram re- do em 19 de maio de 2004. A Resolução 01 do Con- primidos. A partir de 1969, a ditadura militar censu- selho Pleno do CNE institui oficialmente as diretrizes rou tanto a publicação de notícias sobre indígenas, curriculares nacionais para a educação das relações esquadrão da morte e guerrilhas, como qualquer in- étnico-raciais e para o ensino de história e cultura formação sobre movimento negro e discriminação afro-brasileira e africana e foi publicada no Diário Ofi- racial. Com a instalação do regime ditatorial, o gover- cial no dia 22 de junho de 2004. no impunha ao povo o que deveria ser estudado des- Essa trajetória é inspirada em experiências realiza- de as escolas da educação básica até as universidades. das em salas de aula, por iniciativas pontuais de pro- Nesse contexto, a partir da década de 1970, o fessoras e professores, e também em espaços das or- MN e o Movimento de Mulheres Negras (MMN) ganizações do movimento negro. Com o mesmo atuam de maneira mais incisiva para tentar influen- empenho demonstrado ao longo da história, o MN ciar mudanças no sistema educacional e lutam para continua enfrentando o desafio de fazer com que a incluir a história do povo negro no currículo esco- lei seja respeitada e implementada de modo eficaz em lar. Essa atuação culmina, em 1995, com a Marcha todo o território nacional. Para isso, continua a Zumbi dos Palmares, quando 30 mil pessoas foram monitorar as propostas, os conteúdos programáticos, para Brasília e entregaram um documento à Presi- os materiais didáticos e a formação oferecida aos(às) dência da República pleiteando políticas para com- profissionais de educação, que sempre devem obser- bater a desigualdade. var as práticas de uma educação não-racista. JAN / MAR 2007 5

4. A R T I G O determinações para a inclusão da história e Em 1985, o sentido das comemorações cultura afro-brasileiras e africanas e suas im- de 13 de maio (data de assinatura da Lei Áu- plicações e repercussões pedagógicas, in- rea, assumida pelo MN e MMN como Dia Na- cluindo a formação do professorado. cional de Denúncia contra o Racismo) foi ques- O parecer trata de questões como cons- tionado pelo MN, por meio de cartazes ciência política e histórica da diversidade, for- enviados às escolas do estado de São Paulo, talecimento de identidade e de direitos, ações juntamente com informações do 20 de novem- educativas de combate ao racismo e às discri- bro (Dia da Consciência Negra) e questionário minações e discute o papel dos conselhos de sobre a história do povo negro no Brasil. educação em adequar o proposto pela lei, e Um ano depois, em 1986, a Bahia inse- pelo próprio parecer, à realidade de cada sis- riu a disciplina introdução aos estudos africa- tema de ensino. nos nos cursos do ensino fundamental e mé- O documento foi elaborado com a par- dio (então primeiro e segundo graus) de ticipação da sociedade civil, por meio da distri- algumas escolas estaduais, atendendo a uma buição de questionários a um público amplo, antiga reivindicação do movimento negro. principalmente pro- Na década de 1990, os municípios de Belém, fissionais de educa- Aracaju e São Paulo também aprovaram leis Dois bons exemplos ção de perfis varia- dos. Na sua elabo- tratando do mesmo tema. Várias dessas expe- riências, sejam iniciativas isoladas ou em par- da prática de ração, o documento também contemplou ceria com o poder público, provam que é pos- sível promover uma educação inclusiva, as sugestões feitas participativa e anti-racista. incentivo à por pais, mães e es- Dois bons exemplos da prática de incen- tudantes. A comis- tivo à educação anti-racista nos últimos três anos, educação anti- são responsável por já após a promulgação da Lei 10.639/03, são sua realização foi iniciativas de organizações da sociedade civil racista nos últimos composta pelo con- voltadas para a formação e a prática do profis- selheiro Carlos Jamil sional de educação. Tanto o projeto Educadores três anos são Cury e pelas conse- pela Diversidade como o prêmio Educar para a lheiras Petronilha Igualdade Racial são de abrangência nacional. iniciativas de Beatriz Gonçalves e Silva, Francisca No- O projeto Educadores pela Diversida- de é uma proposta que nasceu da parceria organizações da vantino e Marília Ancona Lopez. entre o Fórum Nacional de Educação em Di- reitos Humanos, Comunidade Bahá’i e Geledés Instituto da Mulher Negra, com o sociedade civil apoio e participação do Fundo das Nações Práticas da Unidas de Apoio à Infância (Unicef) e da Se- voltadas para educação anti-racista cretaria de Educação Continuada, Alfabetiza- ção e Diversidade do Ministério da Educação a formação Existem registros de (Secad/MEC). A proposta, lançada em 16 de experiências do es- novembro de 2004, consiste em capacitar e a prática tudo de história e educadoras(es), por meio da Internet, para cultura da popula- lidar com as questões de raça e gênero no do profissional ção negra no currí- culo da educação ambiente escolar. O trabalho é realizado por meio do portal Unidade na Diversidade e ofe- de educação formal mesmo antes da promulgação da rece materiais práticos e teóricos que auxi- liam na sensibilização e no empoderamento Lei 10.639/03. Em de profissionais da educação – profes- 1984, em São Pau- sores(as), coordenadores(as), diretores(as), lo, a Comissão de Educação do Conselho de funcionários(as) de secretarias de educação, Participação e Desenvolvimento da Comuni- entre outros – a fim de valorizar as diferenças dade Negra e o Grupo de Trabalho para As- de gênero e raça como aspectos de enrique- suntos Afro-brasileiros promoveram discus- cimento da humanidade. sões com professores(as) de várias áreas sobre O prêmio Educar para a Igualdade Ra- a necessidade de rever o currículo e introduzir cial registrou a participação de 600 iniciativas conteúdos não-discriminatórios. de todos os estados brasileiros em seus dois 6 DEMOCRACIA VIVA Nº 34

5. COMBATE ÀS DESIGUALDADES NA EDUCAÇÃO ESCOLAR concursos. As experiências selecionadas para tência dessa obrigatoriedade e boa parte inte- * Tania Portella o Educar para a Igualdade Racial foram apre- ressada em implementar a lei ainda não sabe Jornalista, assessora da sentadas nas duas edições do seminário De- como fazê-lo. ONG Ação Educativa e safios das Políticas Públicas de Promoção da As reivindicações por material didático e integrante da Igualdade Racial, atividade proposta pela ONG paradidático para trabalhar o tema ainda per- Associação Brasileira de Centro de Estudos das Relações de Trabalho e manece. Em muitas localidades onde edu- Pesquisadores Negros (ABPN) Desigualdades (Ceert). cadores(as) têm acesso aos materiais e à alguma formação no tema ainda não se consegue tra- duzir esse conhecimento e esse acervo em práti- Nosso lugar nessa história cas cotidianas. Para enfrentar esses desafios, é Observando o caminho percorrido até aqui, necessário realizar um diagnóstico regional e percebemos certo avanço com relação à imple- entender as demandas de cada localidade. O mentação da Lei 10.639/03. Na esfera gover- estudo de história e cultura africana e afro-bra- namental, ainda que as primeiras ações efeti- sileira só vai se efetivar plenamente quando o(a) vas tenham sido realizadas em 2004, após um professor(a) souber o que está fazendo e enten- ano da promulgação da lei, o MEC, por meio der que está propondo uma reeducação das re- da Secad, realizou fóruns regionais em 22 esta- lações raciais, que tem que ser vivida por estu- dos para sensibilizar profissionais e gestores. dantes e profissionais de educação. A partir desses encontros, foram cons- De todos os desafios, um dos maiores tituídos fóruns locais permanentes para acom- é fazer o tema das relações étnico-raciais en- panhar o processo nas regiões e algumas se- trar no orçamento da educação. Outra ação cretarias de educação de estados e municípios necessária, que também pode se enquadrar iniciaram a formação de professores(as). No na categoria de grandes desafios, é que o tema mesmo ano, o Fórum Intergovernamental de logre influenciar o modelo de gestão da esco- Promoção da Igualdade Racial (FNPIR) distri- la e das secretarias de educação. Ainda que os buiu kits de materiais paradidáticos em 40 desafios estejam latentes e sejam complexos, municípios de sete estados brasileiros. Em os avanços alcançados até o momento pro- 2005, o governo federal realizou a Conferên- vam que uma outra educação é possível, e que cia Nacional de Promoção da Igualdade Racial, construir essa obra não é tarefa de pessoas e essa questão foi umas das mais debatidas negras, indígenas, asiáticas ou brancas, mas no eixo de educação. do conjunto da sociedade brasileira. Algumas universidades brasileiras, prin- cipalmente as que contam com núcleos de es- REFERÊNCIAS tudos afro-brasileiros (Neabs), e também com a iniciativa de pesquisadores(as) envolvidos(as) BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. com a temática, começam a oferecer cursos de CAVALLEIRO, Eliane. Racismo e anti-racismo na educação: especialização, extensão e mestrado que con- repensando nossa escola. São Paulo: Selo Negro Edições, 2001. templem história e cultura africana e afro-bra- CENTRO DE ESTUDOS DAS RELAÇÕES DO TRABALHO E DA DESIGUALDADE. Prêmio Educar para a Igualdade Racial: sileira, como acontece na Universidade Candido experiências de promoção da igualdade racial/étnica no ambiente Mendes (Rio de Janeiro), na Universidade do escolar. São Paulo: Ceert, 2004. Espírito Santo, na Universidade Federal da INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese dos Indicadores Sociais.Brasília:IBGE, 2004. Bahia, na Universidade Federal de São Carlos, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO na Universidade de Brasília, entre outras. CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE DO MINISTÉRIO DA Esses principais apontamentos eviden- EDUCAÇÃO. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileiras ciam que, pela primeira vez, existe a tentativa e africanas. Brasília: MEC/Secad, 2003. de se estabelecer uma política nacional para o MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO tema e que as secretarias municipais e estadu- CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei ais de educação estão tentando refletir sobre Federal 10.639/03. Brasília: MEC/Secad, 2005. a questão. Entretanto, vários desses passos MUNANGA, Kabenguele (Org). Superando o racismo na escola. precisam ser enfatizados, como a participação Brasília: MEC, 2005. MUNANGA, Kabenguele & GOMES, Nilma Lino. Para entender o das secretarias de regiões que ainda oferecem negro no Brasil. São Paulo: Global, 2004. resistência em assumir o compromisso, tanto PORTELLA, Tania. O jornalismo e a implementação da Lei em estados como em municípios, e a colabo- 10.639/03 – análise de cobertura jornalística. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2005. ração das universidades públicas na formação SILVA JUNIOR, Hedio. Anti-racismo: coletânea de leis do professorado. Muitos(as) professores(as) brasileiras (federais, estaduais, municipais). São Paulo: Oliveira brasileiros(as) ainda não sabem sequer da exis- Mendes, 1998. JAN / MAR 2007 7.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

I HAVE A DREAM - MARTIN LUTHER KING



delivered 28 August 1963, at the Lincoln Memorial, Washington D.C.


"Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.

"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.

Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,

De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"

E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.

E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.

Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.

Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.

Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.

Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.

Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.

Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.

Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.

Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.

E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:

"Livre afinal, livre afinal.

Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."

terça-feira, 9 de novembro de 2010

domingo, 7 de novembro de 2010

Perdoar é sempre mais barato

Acreditamos que perdão é coisa de gente fraca. Crescemos com a falsa idéia de que guardar ódio de quem nos feriu é vantajoso pra nós. Silenciamos diante dos nossos agressores, ostentando uma imagem de maltratados, para que os outros tenham pena de nós. Ainda não entendemos isso, mas a melhor maneira de sair ileso de uma decepção é compreendendo aqueles que nos decepcionaram.

Não é fácil perdoar. Se fosse fácil, não viríamos tanta gente doente, de coração fechado para o outro e sem qualquer desejo de encontrar esta pessoa pela frente. Todo mundo precisa exercitar o perdão, pois sem ele a vida vai aos poucos perdendo o sentido de ser.

Qual a vantagem de guardar ódio em nosso coração se isso só causa mal em nós mesmos? A pessoa que está trancafiada em nosso coração não sofrerá com o nosso ressentimento, mas nós sim. A medicina já comprovou que o ódio é o propulsor de grandes doenças de caráter emocional. Perdoar é mais vantajoso para quem perdoa do que para quem é perdoado.

Mas quem tem a coragem de se reerguer da ofensa como um vencedor? Frequentemente insistimos em sermos as vítimas da história, choramingando pelos cantos como se nosso mundo tivesse acabado. Não há mal maior do que se abandonar depois do mal que fizeram para nós. As feridas só se curam quando utilizamos o remédio certo: o perdão.

Todo mundo precisa perdoar. Não há ninguém que esteja livre de sofrer as decepções da vida. Enquanto seres em construção, todos nós experimentamos o desgosto das imperfeições das pessoas ao nosso redor. O outro não é perfeito, mas eu também não o sou. Por isso nunca é demais lembrar: devemos perdoar o outro se quisermos que o outro nos perdoe também.

Perdoar não é esquecer. Perdoar é lembrar-se do mal que nos fizeram sem se prender a isso. As derrotas da vida podem se transformar em vitórias se soubermos seguir confiantes, com a certeza da realização. Nossos inimigos podem até nos impedir de sermos felizes, mas quem tem um propósito de vida firmado não dá muita atenção ao que lhes acontece: continua perdoando a que lhes ofendeu para poder viver em paz consigo mesmo.

Escrito por Paulo Franklin

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida...

Um dia, quando os funcionários chegaram para trabalhar, encontraram na portaria um cartaz enorme, no qual estava escrito:

"Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida na Empresa. Você está convidado para o velório na quadra de esportes".

No início, todos se entristeceram com a morte de alguém, mas depois de algum tempo, ficaram curiosos para saber quem estava atrapalhando sua vida e bloqueando seu crescimento na empresa. A agitação na quadra de esportes era tão grande, que foi preciso chamar os seguranças para organizar a fila do velório. Conforme as pessoas iam se aproximando do caixão, a excitação aumentava:

- Quem será que estava atrapalhando o meu progresso ?
- Ainda bem que esse infeliz morreu !

Um a um, os funcionários, agitados, se aproximavam do caixão, olhavam pelo visor do caixão a fim de reconhecer o defunto, engoliam em seco e saiam de cabeça abaixada, sem nada falar uns com os outros. Ficavam no mais absoluto silêncio, como se tivessem sido atingidos no fundo da alma e dirigiam-se para suas salas. Todos, muito curiosos mantinham-se na fila até chegar a sua vez de verificar quem estava no caixão e que tinha atrapalhado tanto a cada um deles.

A pergunta ecoava na mente de todos: "Quem está nesse caixão"?

No visor do caixão havia um espelho e cada um via a si mesmo... Só existe uma pessoa capaz de limitar seu crescimento: VOCÊ MESMO! Você é a única pessoa que pode fazer a revolução de sua vida. Você é a única pessoa que pode prejudicar a sua vida. Você é a única pessoa que pode ajudar a si mesmo. "SUA VIDA NÃO MUDA QUANDO SEU CHEFE MUDA, QUANDO SUA EMPRESA MUDA, QUANDO SEUS PAIS MUDAM, QUANDO SEU(SUA) NAMORADO(A) MUDA. SUA VIDA MUDA... QUANDO VOCÊ MUDA! VOCÊ É O ÚNICO RESPONSÁVEL POR ELA."

O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos e seus atos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença. A vida muda, quando "você muda".