segunda-feira, 3 de maio de 2010

"Relação de Bolso"

Este tipo de relação pode ser encarado como “encarnação da instantaneidade”. É uma relação curta, de conveniência, em que não é preciso esforço para mantê-la. A pessoa entra consciente de que não pode se apaixonar e se isso acontecer é um sinal de que está na hora de partir para outra. Uma relação assim se tira ou coloca no bolso na hora em que achar melhor, dependendo da conveniência.
A relação de bolso é mais um exemplo do caráter consumista que assumiram as relações modernas. O consumismo não tem a ver com acumulação, mas com descarte. Em um mundo de novidades constantes, o uso de uma mercadoria é menor que sua validade, pois ela tem que ser descartada rápido, assim que surgir algo novo no mercado.
Assim são nossos relacionamentos, descartamos antes que tenham “perdido o prazo de validade”, por que há outras pessoas a conhecer, novas oportunidades de êxtase para se experimentar.
Dessa maneira, a união sexual se torna um episodio, e por isso, não depende do passado e não tem ligação nenhuma com o futuro. Mas há de se dizer que um episódio não está condenado a ser sempre um episódio. Dele pode surgir a oportunidade de continuidade do relacionamento.


Escrito por Giovana Montezelo, baseado no livro Amor Liquido: sobre a fragilidade dos laços humanos de Zigmunt Bauman.